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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Querendo ou não, a tecnologia vai prevalecer e avançar mais ainda


    A professora aposentada Maria Dalva De Oliveira, 75 anos, formada no Curso Normal na Escola Normal de Serrinha, que corresponde ao Magistério de nível médio, atuou como diretora na Esco-la Aloísio Cedraz e como pro-fessora no Centro Educacio-nal Cenecista Aristides Ce-draz de Oliveira (CECACO), escola precursora do atual CEACO. Atualmente milita nos movimentos sociais relacionados ao associativismo e ao cooperativismo. A professora nos fala sobre as mudanças tecnológicas nas últimas décadas, destacando que sempre houveram meios para as pessoas se comunicarem e que antes o contato era até mais direto, no contato pessoal, através da fala, dos gestos, dos encontros na praça, das brincadeiras.


A senhora acha que houve grandes mudanças com o aparecimento/ avanço das tecnologias, nos últimos anos?

Certamente, que houve. As tecnologias de um tempo mais atrás eram bem diferentes para as de hoje. Não que naquele tempo não tinha, havia. Agora, eram outras tecnologias. Tomando por parâmetro a minha infância e a minha juventude, comparando com a geração atual, o avanço, eu diria que foi escandaloso.

Com os avanços da tecnologia, a mão de obra humana aumentou ou diminuiu? Por quê?

A uma polêmica sobre esse assunto. Pensadores, cientistas, políticos e as pessoas em geral acham que a tecnologia desemprega as pessoas não habilitadas, não estudadas para tal. Particularmente, eu acho que é um desafio para quem não se adaptou, não caminhou para os avanços das tecnologias, se adequando à situação do mercado de trabalho. Mesmo porque o mercado não vai parar. Querendo ou não a tecnologia, moderna ou não, vai prevalecer e vai avançar mais ainda.

Em sua experiência presenciada, como as pessoas se comunicavam naquele tempo sem os meios de comunicação que temos hoje?

A primeira comunicação que é a fala, a oral, a escrita já não era pra todo mundo, porque nem todos eram alfabetizados. Muita gente mal assinava o nome e outros nem isso e, além do mais, tínhamos a comunicação geral, que acompanha sempre a fala que é a gestual. Não era só o privilégio de surdos-mudos. Nós não falamos sem mexer as mãos... Então, nós também nos comunicávamos pelas correspondências, que hoje não se sabe mais fazer um bilhete, uma carta, uma redação, uma ata ou um oficia. È uma dificuldade para se achar alguém que saiba fazer e naquele tempo isso prevalecia. Também, outros meios de comunicação eram as diversões que nós tínhamos, por exemplo: o passeio da igreja Católica tinha uma calcada bastante alta, em torno da igreja, a gente passeava de braços dados, pegava na mão sem ter isso de gênero e a maior de todas as comunicações eram as fofocas e os namoricos, que surgiam ali. Isso tudo eu considero meio de comunicação. Também muita gente se comunicava com a natureza.

E o lazer das crianças sem as tecnologias atuais? Quais eram os meios de diversão?

A vantagem que tínhamos era essa. Nossas brincadeiras eram coletivas, as diversões. Hoje, com as mídias modernas, o face, o zap, o instagram e tudo mais, individualizam a comunicação e até a diversão. E naquele tempo não: a gente brincava, ali... o fundo da igreja era palco dessas diversões. Não eram sós os meninos que jogavam futebol, mas também, a escola promovia, aos sábados, brincadeiras ali, como: de “viúvo”, brincar de “lobo mau”, de “três passarão”, cantigas de roda e mesmo aquele das pedras, brinquedos de pagar prenda, era umas das formas de diversão. Tinha também as festinhas, as noites de rezas sempre acabavam em festas de sanfonas e até serenatas de amor, as festas de fevereiro, os leilões. Eram as maneiras que nós tínhamos para nos divertir.

Com o avanço das tecnologias, a senhora acha que prejudicou o lazer das crianças ou melhorou? Por quê?

Bom, se a gente for tomar como tecnologia referindo-se apenas às mídias, piorou. Porque você fica só no face, só no instagram, fica o lazer do isolamento. Mas como a tecnologia é algo mais amplo do que isso, nos temos as TV's, que não é somente as novelas, nós temos os brinquedos eletrônicos que as crianças hoje nem tem medo. É uma interação, faz com que a criança interaja com a tecnologia, de tudo que há no mundo.

Como a senhora ver as mudanças tecnológicas que presenciou ao longo dos anos?

Claro que tudo foi bom na sua época! Era bom andar de cavalo, era um meio de transporte da época. Mas hoje a tecnologia moderna nos trouxe carros que nos faz até medo de entrar, porque a velocidade da tecnologia melhorou. Eu digo que sempre: aquilo que veio melhorando, facilitando a vida dos seres, sejam eles humanos ou animais... Você vê hoje que animais têm uma alimentação diferente (quem pode ter). Agora qual é a coisa chata a meu ver é que nem todos têm acesso a tudo isso.

Com todos esses avanços tecnológicos a, senhora acha que com isso distanciou ou aproximou as pessoas? Por quê?

Isso vai ser questão de pontos de vistas diferentes. Tudo é a condução da coisa, que sentido você vai dar a isso. Se a gente se atém só ás mídias, vai ficar o zap, o Facebook, como distância corporal, mas não deixa de estarmos próximos, passando as nossas idéias, fazendo nossos questionamentos, resolvendo até problemas. Tem pessoas que fazem até planejamento. Estava lendo uma revista através de um grupo do Whatsapp, porque diante da distância que moravam, não tinha como se reunir e nem local. Então, é do ponto de vista da necessidade e das habilidades que cada um tem e das intenções que cada um tem naquilo. Eu, por exemplo: pelo zap, eu me aproximei de várias ex-colegas, de vários ex-alunos que me encontram pelo face. A gente não tem como se ver pessoalmente, mas as lembranças ficam. Mas eu torno enfatizar que é um ponto um pouco discutível. Muitas pessoas até dizem que as tecnologias vieram para distanciar, veio para tirar os empregos das pessoas. Mas quando a gente quer acaba achando com quem quer conversar e com quem a gente quer ter um nível de amizade. Mesmo com todas as falsidades que se diz ter no zap e as cretinices que também aparece, as calúnias... Isso tudo é questão de saber fazer a triagem do que é bom e aí cada um vai fazer como quer.

Por Gustavo de Sá e Mayrla Pereira

Entrevista produzida como parte das atividades do Projeto Comunicação, Interação e Aprendizagem, desenvolvido no CEACO através da disciplina Comunicação.

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